Hotéis e Turismo: Bruno Omori, Presidente Abih-SP e Secretário Executivo do CONTUR-SP, fala sobre o setor e fecha com o Mais Destinos

Um dos executivos do turismo mais versáteis e inspiradores do país, Bruno Omori, presidente, pela segunda vez, da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo, tem todas as razões para comemorar sua excelente fase profissional. Ele acaba de ser eleito o novo Secretário Executivo do Conselho Estadual de Turismo de São Paulo, com 70% dos votos válidos. Mais uma conquista, que faz todo o sentido na vida desse empresário da hotelaria, que possui inteligência diferenciada e grande capacidade de liderança para estar à frente de segmentos que movimentam um fluxo de milhões de visitantes ao Estado, gerando impressionante impacto econômico, humano, tecnológico e cultural em São Paulo e no Brasil. Em seu amplo e confortável escritório em São Paulo, Bruno analisa a atual realidade do turismo paulistano e fecha uma importante parceria com o portal MaisDestinos.com:

Mais Destinos – O senhor obteve expressiva parcela dos votos na eleição do Conselho Estadual de Turismo do Estado de São Paulo. Isso prova que as principais entidades representativas do turismo apostam em seu nome, em um momento crucial para que o turismo se torne um negócio mais promissor e rentável. Como o senhor pretende fazer isso?

Bruno Omori – Primeiramente agradeço todo o apoio das entidades do trade turísticos e das Secretarias do Governo de SP, pela confiança e pela parceria. Temos o objetivo de desenvolver sinergias estratégias que unam com eficiência o “trade” e todas as pastas do Governo. Isso fortalece o mercado e faz com que o turismo seja realmente um “Fator de Desenvolvimento Econômico e Social”. O Conselho Estadual de Turismo possui todos os segmentos e grandes lideranças com expertises diferenciadas e diversos cases de sucesso. Portanto, unidos e com o total apoio à Secretaria de Turismo de SP, poderemos participar dos principais eventos do trade, com destaque aos municípios do interior paulista. O grande desafio será de implementar nosso Plano Estratégico de Turismo no Estado para os próximos 20 anos. Nessa direção, todas as pastas que agregam ao turismo devem interagir: esporte, meio ambiente, transporte e cultura. Será necessária a criação de Câmaras Temáticas do Conselho, com enfoque para as Cidades Metropolitanas, o Turismo de Lazer, a Hospedagem, a Gastronomia, a Acessibilidade e a Inclusão Social, as Estâncias e os Interesses Turísticos, a Sustentabilidade, o Marketing e a Divulgação do Turismo Paulistano e o M.I.C.E (Grandes Encontros, Incentivos, Conferências e Feiras). Teremos êxito com a força do associativismo, da democracia e do comprometimento de todos.

Mais Destinos – Esse trabalho pode ser considerado uma extensão do que já vem sendo feito na ABIH-SP?

Bruno Omori – Podemos considerar como complementares, mas não como uma extensão. Dentro do Conselho Estadual de Turismo de São Paulo, a ABIH-SP coordenou, com apoio e participação de todas as entidades, as Câmaras Temáticas (Copa do Mundo 2014, e Acessibilidade e Inclusão Social), além de coordenar os trabalhos para desenvolvimento das premissas para o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo no Estado e também dos princípios do Projeto de Divulgação do Turismo de São Paulo, quando conseguimos resultados expressivos em cada um dos trabalhos, sempre adotando a participação de todos, de forma democrática e unida com entidades de relevância para cada tema.

Dentro da ABIH-SP especificamente, representamos e defendemos o mercado hoteleiro no Estado, com mais de 180.000 Unidades Habitacionais e faturamento de 7.4 bilhões de reais em diárias e, 2.3 bilhões de reais em alimentos e bebidas nos meios de hospedagens; defendemos o mercado em questões legais, como as do ECAD. Tivemos muito empenho, junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo, para impedir a cobrança dos direitos autorais pelo uso de músicas em aparelhos de rádio e de televisão disponibilizados nas dependências dos estabelecimentos hoteleiros; buscamos parcerias comerciais estratégicas de toda ordem e em vários níveis de setores. Mesmo porquê, administrar um hotel é como estar à frente de uma grande e complexa cidade. São 300, 400 apartamentos, que utilizam centenas de trabalhadores e que movimentam grande fluxo de viajantes. Além disso, compra-se de tudo e em grandes quantidades. Para se ter uma ideia, apenas um hotel possui quase 4 mil lâmpadas, centenas aparelhos de ar condicionado, camas, cadeiras. A ABIH-SP trabalha com parcerias estratégicas entre empresas fornecedoras e hotelaria. Com a força da nossa associação, conseguimos descontos especiais e condições de pagamento que são um diferencial consistente para o segmento. A hotelaria ainda pode contar com nosso apoio na produção de material técnico, através de parceiros e consultores, para divulgação em revistas, newsletters e nos encontros realizados na Cidade e no Estado de São Paulo. São grandes eventos da Capital e do Interior: congressos, convenções, seminários, feiras industriais. Temos nossos stands, que oferecem total apoio aos hoteleiros.

Mais Destinos – O senhor já está na segunda gestão da ABIH-SP. Qual é a atual situação dos hotéis paulistas; a demanda de ocupação é satisfatória?

Bruno Omori – Em 2015, a Capital paulista teve queda de mais de 5% de ocupação hoteleira; nas cidades de turismo de negócios de São Paulo, a queda média foi de 8,5%, por causa da crise e da retração econômica; e o turismo de Lazer, em geral, teve um pequeno crescimento de 2,3% de ocupação, pela alta do dólar, com menos Brasileiros viajando para o exterior e a retomada de alguns mercados internacionais. Em 2016, as previsões no turismo de negócios são de que haverá uma queda menor ou até de estabilização das taxas de ocupação, em relação ao ano anterior e no turismo de lazer, com o dólar se mantendo a esse preço, as taxas de ocupação devem se manter estáveis ou até apresentarem pequeno crescimento.

Mais Destinos – O Brasil vive uma crise política e econômica sem precedentes. Nosso país é notícia mundial por corrupção e bandalheiras políticas. O senhor considera que o desdobramento dessa situação possa afetar as perspectivas positivas que estão sendo vislumbradas para o turismo brasileiro, principalmente com a aproximação das Olimpíadas?

Bruno Omori – Na minha opinião, a corrupção não afeta o turismo de forma direta porque o viajante escolhe um destino pela qualidade do lugar, pela necessidade da demanda de algum trabalho ou por algum tipo de evento especifico. Mas indiretamente, todos os setores são prejudicados, já que a macroeconomia é afetada. Veja o caso das cidades do ABC Paulista, por exemplo, principalmente em São Bernardo do Campo, que têm total dependência econômica do mercado automobilístico. Com o país em crise, as montadoras foram obrigadas a recorrer às ferias coletivas, com queda de quase 40% do número de viajantes na cidade. A crise macro econômica quase parou São Bernardo.

Agora, em relação aos Jogos Olímpicos, atualmente, os obstáculos ao turismo estão muito mais ligados à falta de segurança, às agressões ambientais e à proliferação do Zika Vírus. Esses são problemas que espalham uma mídia negativa do Brasil para o mundo em maior proporção do que propriamente o cenário político macroeconômico.

Para o mercado externo, o dólar valorizado é super atrativo. Um hotel com diária em torno de R$ 200 reais, que no Brasil é quase um midscale, é equivalente a cerca de $50 dólares para o estrangeiro. Uma pechincha! Mesmo a diária de um hotel de nivel upscale (4/5 estrelas), que fica em torno de R$350 reais, equivale a $75 dólares. Os viajantes de outros países não encontram preços tão em conta em outros lugares do mundo. Temos hotéis e pousadinhas a R$100 reais, o que, em moeda americana, são $25 dólares. Vir para o Brasil é maravilhoso. Há mais de 5 anos, não recebíamos os argentinos, os chilenos, os uruguaios, que voltaram a frequentar nosso país.

Portanto, vislumbramos um ano olímpico muito bom ao turismo brasileiro. Depois da Copa do Mundo, esse é o segundo maior evento, em quantidade de pessoas. Mas, em número de modalidades esportivas, os Jogos Olímpicos têm maior visibilidade para o mundo. Essa é uma excelente promoção do Brasil. Mesmo que o Rio de Janeiro seja a sede das Olimpíadas, destinamos, para São Paulo, cerca de 10 mil apartamentos fechados e reservados para convidados, autoridades e patrocinadores do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). A maioria das Empresas estrangeiras, que possui sede no Brasil, bem como, as empresas patrocinadoras de delegações mundiais, as empresas de comunicação, de telecomunicações e de infraestrutura, em sua grande maioria, estão em São Paulo. Potências mundiais, como a China, usam a infraestrutura do Clube Pinheiros, para treinar seus atletas. Todos estarão conosco e serão muito bem recebidos.

Mais Destinos – Existe alguma estimativa sobre o número de visitantes ao Estado?

Bruno Omori – Temos reservados 10.000 Uhs para a organização dos Jogos Olímpicos na cidade de São Paulo, sabemos que as delegações das seleções feminina e masculina de futebol terão diversos jogos em São Paulo. Ainda não temos a certeza mas, muito provavelmente, a disputa da final do futebol feminino e masculino também será em São Paulo, uma vez que o jogo acontece um dia antes do encerramento no Maracanã, não sendo possível montar toda a infraestrutura necessária, com um jogo dessa envergadura, um dia antes da festa.

Estima-se que cerca de 20% a 30% desse fluxo de visitantes no país, compareça para esses jogos da semi final e final de futebol. Na Arena Corinthians cabem 40 mil pessoas; sendo que, esperamos receber um público de cerca de 7 mil pessoas ligadas diretamente ao esporte. A melhor infraestrutura tecnológica para transmissão de dados e de imprensa estão aqui, a grande maioria dos patrocinadores das delegações e das Olimpíadas,que tem sede no Brasil, estão localizadas em São Paulo. Portanto, assim como na Copa do Mundo, teremos muitos eventos corporativos de promoção de marca, de empresas à procura de distribuição de produtos e de serviços no Brasil, além da melhor infraestrutura hoteleira do país.

Mais Destinos – Os hotéis estão preparados para essa demanda?

Bruno Omori – Certamente que sim. Já estamos acostumados a receber um grande público, que é bem exigente. Recebemos em torno de 12 milhões visitantes todos os anos, que participam dos grandes eventos na Capital, como o Salão do Automóvel, a Feira Internacional da Mecânica, Equipotel e outros. Temos um fluxo constante de turistas em nosso Estado e Capital, que é muito bem absorvido, refletindo positivamente no atendimento ao viajante.

No Estado, temos 180 mil UHs, sendo que, 43 mil, com 105 mil leitos estão na Capital. Desses, 27 meios de hospedagem estão em nível 5 estrelas, com cerca de 42 coberturas do tipo Penthouse, destinadas ao público de alto luxo. Mais do que em qualquer outro lugar brasileiro, podemos receber em grande estilo, qualquer astro do porte de Madona ou da banda Rolling Stones. Além disso, nossa mão de obra está entre as mais qualificadas e possuímos a maior frota de helicópteros do país.

Mais Destinos – Quantos associados tem a ABIH-SP?

Bruno Omori – Podemos considerar, de forma institucional que representamos toda a oferta hoteleira no Estado de São Paulo e por ocuparmos a cadeira da hotelaria no Conselho Estadual de Turismo desse Estado, efetivamente são cerca de 450 associados. Porém, temos representantes de todas as grandes redes hoteleiras, assim como Resorts, Pousadas, Hotéis e Flats. Portanto, desta forma, defendemos 2.500 hospedagens no Estado de São Paulo. Nossa diretoria é composta de 34 nomes de grande expressão, não só da hotelaria, mas de diversos segmentos do turismo. Por isso, conseguimos ter toda essa agilidade e essa capilaridade de informação dentro do Estado de São Paulo.

Bruno Omori e Abrahão Salomão Neto em reunião na ABIH-SP

Bruno Omori e Abrahão Salomão Neto em reunião na ABIH-SP

Mais Destinos – O portal MaisDestinos.com tem sido reconhecido por sua capacidade de divulgar com competência os destinos brasileiros e, da mesma forma, fomentar os serviços colocados à disposição do turista. O senhor acredita que a divulgação eficiente seja de fundamental importância ao turismo e que não pode ser negligenciada pelas autoridades do setor?

Bruno Omori – Como dizia o nosso Chacrinha: “Quem não se comunica, se estrumbica”. Brincadeiras à parte, qualquer entidade ou empresa que não tenha um bom sistema de comunicação e de divulgação para promover a interatividade entre os associados e o mercado, está fadada ao fracasso.

Recebemos essa parceria com o portal Mais Destinos, com o objetivo de aumentar a força de cada um dos destinos brasileiros. O Brasil é o primeiro do ranking mundial, segundo a Organização Mundial do Turismo, em potencial de recursos naturais. No entanto, estamos em 42º lugar, em relação à nossa capacidade de receber o viajante.

Mas o turismo brasileiro, indiscutivelmente, é o grande diferencial para a economia. A França recebe 83 milhões de turistas por ano e, por essa razão, é considerada a primeira do PIB mundial. Logo atrás vêm a Espanha e Portugal. Países, como os Estados Unidos e o Japão, a 1ª e a 3ª economias do mundo, reconhecem a importância de se valorizar o turismo. Lembro-me de uma entrevista do presidente Barack Obama, em plena crise dos EUA, dizendo em frente a um dos parques da Disney, que venceria os momentos difíceis da economia americana, investindo no turismo. Assim deveriam pensar todos os representantes dos segmentos que envolvem o turismo brasileiro. Já perdemos muito tempo e receitas que poderiam ser revertidas para o nosso desenvolvimento efetivo, econômico e social.

Comparativamente a outros segmentos industriais, em que a mão de obra, em sua maior parte, pode ser substituída por robôs, como nas fábricas de automóveis com 150 colaboradores, com 200 pequenas pousadas, podemos ter um número de mais de 4000 colaboradores. O turismo é a grande alternativa para o Brasil sair da crise. Mas é preciso trabalhar com seriedade cada um dos nossos destinos indutores. Temos grande potencial de reverter a balança econômica do Brasil, Em 2014, foram 20 bilhões de dólares de deficit do turismo, mas no ano de 2015, com a cotação da moeda americana mais elevada, o deficit diminuiu para 14,5 bilhões de dólares. Precisamos reverter esses quadros e mudar nossa realidade, assim como foi feito no México, como está sendo feito na Costa Rica e como já é feito há muitos anos e com excelência na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.

Mais Destinos – Fechada a parceria com o MaisDestinos.com?

Bruno Omori – Sim, contamos com esse eficiente portal para, não só gerar a visibilidade da qual precisamos, mas para nos ajudar a promover a comercialização e a distribuição de cada diária, de cada um dos meios de hospedagens dos associados, através das ferramentas de tamanha inteligência que o MaisDestinos.com possui.

Enxergamos nesse portal, uma plataforma eletrônica complexa e completa, nas mãos de profissionais da mais alta qualidade, para nos auxiliar no aumento da demanda de viajantes em qualquer tipo de hotel, desde as pequenas pousadas, até mesmo aqueles grandes empreendimentos. Acreditamos que um portal dessa envergadura seja essencial para fortalecer e aumentar a rentabilidade, o faturamento e a distribuição da indústria hoteleira.

Por: Aurélia Guilherme.

Leia a notícia na integra

Publicações relacionadas